Não é Paixão, é crime

por Alberto Kopittke

O recente ato criminoso de
cárcere ocorrido em Canoas/RS, em que um homem permaneceu mais de 60 horas com sua ex-companheira presa em casa e sob ameaça, merece uma séria reflexão. A repercussão do fato como um crime passional, ou “resultado de uma paixão doentia”, acaba por romantizar mais um grave caso de violência contra a mulher. O perigo deste tipo de repercussão é a multiplicação de um referencial equivocado que coloca o homem agressor como vítima, em razão de um sentimento de forte paixão que o leva a cometer atos impensados.

Se é verdade que ocorreram grandes avanços da inserção da mulher na sociedade, também é verdade que ainda perduram graves e profundas diferenças que comprovam que o preconceito contra as mulheres ainda é uma triste realidade. Mas em nenhum outro caso, o machismo apresenta com mais clareza sua face do que quando esse preconceito se materializa em violência no lar. Esse problema é de tal magnitude que sua existência de maneira alguma se restringe a uma questão de ordem privada. A violência contra a mulher é um problema público, que corrói toda a base de valores das relações sociais em nosso país.
Fazendo um triste e realista trocadilho, a violência contra as mulheres é a mãe de todas as outras violências. É na manifestação da violência dentro de casa que são plantadas as sementes da violência da juventude brasileira.

Artigo publicado no dia 24/02/2001 no Correio do Povo por Alberto Kopittke secretário Municipal de Segurança Pública e Cidadania de Canoas (RS)

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