Um ato inter-religioso e uma homenagem simbólica ao Pai-de-Santo Liege, ex-liderança do terreiro do Chácara das Rosas, falecido recentemente, foram alguns dos vários momentos informais e atrações na solenidade de assinatura de titulação desse quilombo, realizado nessa sexta-feira, 30, em Canoas. O evento ocorreu em um palco montado em frente à comunidade, no bairro Marechal Rondon, e contou a participação do presidente do Incra e do prefeito de Canoas, Jairo Jorge, entre dezenas de outras autoridades e líderes de movimentos sociais e quilombos gaúchos.
Antecipando a assinatura da titulação, por iniciativa da Coordenadoria Municipal das Diversidades, foi realizado uma breve ritualística, falado em yorubá (idioma predominante na África), pelo Babadiba de Yemanjá, líder ligado à orientação de matriz africana. Também por iniciativa daquela coordenadoria, um ato inter-religioso que reuniu católicos, espíritas, ubandistas, entre outras orientações religiosas locais. Em seguida, foi entregue à presidente da comunidade Chácara das Rosas, Isabel Cristina Genelício, um troféu e um pôster do pai-de-santo Liege, seu irmão e líder espiritual no local. Em sua fala, Frei Wilson, um dos mobilizadores do Grito dos Excluídos, pediu um gesto de que todos estendessem as mãos para abençoar a comunidade do quilombo.
Enquanto isso, nas dependências da propriedade, onde vivem as famílias beneficiadas com a titulação, centenas de visitantes transitavam. Entre as atrações, adornos afro-culturais nas árvores da propriedade; exposições de artes plásticas, com temáticas alusivas à história da comunidade e artigos produzido pelas bordadeiras – que aprenderam essa arte através de projeto do Movimento Ação de Canoas (MACA).
Também foi distribuído pelo pátio obras da Biblioafro, criada no local com o apoio da Secretaria Municipal de Cultura. "É muito bonito, nunca vi algo igual, mostra um pouco do carinho que o governo tem com os negros", declara a moçambicana Lola Inês Antônio Fernando, convidada da ONG canoense Bem-Me-Quer. Com uma colega, ela fazia no local a exposição de capulanas - manto de tecido usado na África pelas mulheres.
Representantes de mais de 40 quilombos do estado; gestores públicos municipais, deputados e um senador, além de diversas lideranças de organizações e movimentos sociais, que também participaram da Marcha dos Excluídos, no mesmo dia, prestigiaram a solenidade.
Ronaldo M. Botelho
SECOM
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